sexta-feira, 12 de março de 2010

Telescópio

Hei de um dia
transbordar
que meu coração e um ovo de águia,
e livre ver
mar, estrelas, nebulosas,
qualquer imensidão.
Pastorear êxodos.
Cavalgar manadas.
Beber oceanos.
Vou arrebentar, inundar, levitar,
num púlpito qualquer
rasgar o paletó
a camisa
a pele
a alma
e gritar
voem poemas, estão livres, voem.

E leve vou ascender
cair no sentido inverso
da terra para as nuvens.

Sim, sim, acredito no improvável,
um dia! um dia!
As paredes serão neblinas de concreto armado,
todas as glândulas lagrimais hão de atrofiar por falta de uso
e as fabricas de fechadura, de grades, de alarmes,
de tudo que prende terão suas ações desvalorizadas.

E então vou apenas fecundar, reencontrar, gargalhar,


De Solivan