sexta-feira, 12 de março de 2010

Pergaminhos

Amigos estou com um novo blog

http://pergaminhosolivan.blogspot.com

Solivan

Telescópio

Hei de um dia
transbordar
que meu coração e um ovo de águia,
e livre ver
mar, estrelas, nebulosas,
qualquer imensidão.
Pastorear êxodos.
Cavalgar manadas.
Beber oceanos.
Vou arrebentar, inundar, levitar,
num púlpito qualquer
rasgar o paletó
a camisa
a pele
a alma
e gritar
voem poemas, estão livres, voem.

E leve vou ascender
cair no sentido inverso
da terra para as nuvens.

Sim, sim, acredito no improvável,
um dia! um dia!
As paredes serão neblinas de concreto armado,
todas as glândulas lagrimais hão de atrofiar por falta de uso
e as fabricas de fechadura, de grades, de alarmes,
de tudo que prende terão suas ações desvalorizadas.

E então vou apenas fecundar, reencontrar, gargalhar,


De Solivan

Decomposição

Que nunca venha o definitivo,
o definitivo não tem espermatozóides,
a decomposição sim e fértil,
e a degradação que se põe ao redor da semente,
não se aduba com diamantes.
Só a aversão prolífica,
celebro a cicuta parricida,
cobra sempre envenenou sua comida
e depois
o antagônico e o leite, o colostro
que protege as gerações da anemia e do tédio.
Nunca foi
as contrações, o parto
e nem o apogeu do novo que importa,
mas seu declínio,
é no apodrecimento que se entende o gênio
na dissecação.
A ruína de um período
é um rito de passagem,
só é perene aquele que sobrevive
a própia decadência.
O eterno precisa morrer ao menos uma vez,
para que possamos encostar o ouvido
no peito dos séculos
e ouvir o ritmo cardíaco dos ciclos.



De Solivan